27 de fevereiro de 2012

Religião, o ópio do povo

Alguns pensadores já tinham associado o ópio à religião e Hegel foi o primeiro a cunhar a celebérrima "religião é o ópio do povo" mas é de Marx que o Mundo inala o seu significado mais lato.

Maquiavel havia recomendado ao "Príncipe" o cultivo da religiosidade para ânimo do povo e desde sempre políticos, muito conscientemente, empregaram a religião com propósitos aglutinadores e de diversão.

Com mais ou menos cedências clericais, o que é certo é que esta é uma manobra de domínio do Estado sobre a Religião mas a contemporaneidade lê na máxima hegeliana uma culpa de sentido inverso. E tem razão!

A culpa não é institucional mas sim do povo religoso, simplificando, da massa cristã anónima. O Povo é alienado pela religião porque não tem consciência crítica da sua relação com Deus. A religiosidade da maioria dos cristãos é meramente ritualista, vazia de significado e oca de interesse.

(Numa sociedade do descartável, a velocidade do uso só permite apreender a forma, negligenciando-se, por contingência de esforço, o conteúdo)

E é claro que uma religiosidade ritualista pode ser aproveitada pela política. Um ritual alimenta-se a si próprio: o seu cumprimento justifica evitar-se o seu incumprimento; a ansiedade sedentária no seu incumprimento justifica o seu cumprimento.

A religião é um caminho do Homem para Deus. Um povo que vive a religião apenas formalmente, não está a percorrer o caminho: parou. E porque parou, distrai-se com as montras.

Se os cristãos cumprissem os desígnios de Jesus e lutassem diariamente pela melhoria da sua vida interior e da relação com os irmãos, paulatinamente a sua actividade religiosa seria mais intensa e segura de si mesma e a religião não seria ópio mas apenas o caminho a que se propõe.

2 comentários:

  1. "O Ateísmo é o ópio dos intelectuais!" - Raymond Aron.

    Os intelectuais são orgulhosos e o Cristianismo exige humildade! Obviamente, os intelectuais seriam sempre ateus... e arranjariam qualquer catch-phrase para denegrir a religião. Essa foi a frase que Hegel (e Marx) encontrou.

    De resto, isto foi só uma achega. Não substitui o seu post, que subscrevo. Aliás, a crítica de Jesus aos fariseus prendia-se precisamente com esta superficialidade exterior da fé.

    Pax Christi

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